“Todo
infrator é criador”
F.
Nietzsche
A Escola de
Frankfurt soube por anos responder conceitualmente a miséria causada pela
indústria de massa à vida cotidiana, ao modo como nos relacionamos com a arte,
ou como fetichizamos os produtos da indústria
cultural pelo consumo sempre exacerbado de bens que são mais úteis ao
simbolismo partilhado que a sua função utilitária. No entanto poderíamos
retomar aqui uma critica feita por Guatarri ¹ que se refere a cultura, a magia de seus bens e aos que por esse
conceito ainda são orientados, como algo intrínsicamente reacionário.
Os mercados
econômicos dentro desse conceito de Cultura, são responsáveis pela atomização
das atividades semióticas do mundo social e cósmico em esferas padronizadas:
instituídas potencialmente ou “realmente” capitalizadas para o modo de produção
de semiotização dominante. Assim,
cortadas estariam de suas realidades políticas, ou seja, de sua capacidade
autônoma de produção, de criação e de consumo real – onde o capitalismo se
ocuparia da sua sujeição econômica e a Cultura de sua subordinação subjetiva,
podendo-se afirmar então que nada mais estaria apenas reduzido a lógica de mais
valia econômica (lucro), mas também, na tomada de poder da subjetividade.
Para uma
possível atualização de Adorno², e sua feroz crítica a indústria cultural em meados
dos anos 60, pode-se afirmar que esse mesmo fluxo de consumo apenas não produz
indivíduos consumidores representados enquanto tal pelo capitalismo, mas sim um
corpo isolado de sua capacidade criadora ligado ferozmente a um desejo em normalizar-se por aquilo que
toca. Assim, tudo o que pela indústria de massa é abarcado, incluindo a produção
de arte e seu dogma do possível apenas abaixo ao Estado, compõe o agenciamento perfeito
do império normalizante de indivíduos, onde sua ação reside na inclusão dos
mesmos nos mercados econômicos sejam eles quaisquer, afinal a Cultura vista por
esse ângulo seria a responsável por tal inclusão.
Se até mesmo a
Cultura – sonho iluminista, democrata e por fim socialista - leva ao assujeitamento,
estando obviamente sobre o mesmo fardo tudo aquilo que por ela se move, colocaria nesse
espaço então a produção de arte contemporânea, onde poderíamos retomar o velho
clichê de vida e arte,
perguntando-nos se essa ligação ainda pode ser feita quando explicitamente
agenciada pelo capitalismo mundial integrado, CMI em termos de Deleuze e
Guatarri. A Cultura nessa pesquisa é
apontada como uma Zona de Conforto, e
os grupos e ações trazidas à luz dessa escrita buscam compor uma linha de fuga
desse terreno em expansão desde a modernidade.
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